Depois de estrear pela Island Records (2009) e deixar a grande gravadora para lançar mais 2 álbuns (2013/15) pelo seu próprio selo independente (YOY), a cantora e compositora V V Brown resolveu sair de Londres, seja pelo custo de vida, seja pela busca de uma vida menos estressante e mais próxima da natureza, e se estabelecer próxima a interiorana cidade inglesa de Milton Keynes. Lá, em meio a sua vida mais bucólica, ela se tornou mãe de 2 crianças, jornalista e ativista social.

Mas, num país em que apenas 2% dos negros não vivem nos grandes centros urbanos, ela não pôde deixar de notar como era constantemente questionada pelos vizinhos de onde ela era, como ela mesma diz “como se eu fosse uma desajeitada que se perdeu no caminho da capital”. Em suas memórias, ela lembra que “numa das minhas primeiras visitas ao grupo local de mães e bebês, outra mãe tocou no cabelo do meu filho como se estivesse acariciando um cão.” Por fim, as micro agressões diárias eram sentidas até na hora de relaxar: “Ao entrar num pub rural, é constrangedor testemunhar o silêncio e os olhares, seguidos pela explosão de conversas novamente quando os clientes se recuperam do tsunami cultural de ter uma mulher negra entrando.”

Talvez, por esse acúmulo de experiências pessoais, ela tenha resolvido deixar seu hiato musical e voltar a gravar o incrível disco “Am I British Yet?”, lançado no último dia 27 de outubro. Para nossa playlist escolhemos “Black British”, uma das várias faixas que une a força de sua voz e interpretação a um som dançante com letras de forte contexto social. E é com um trecho de uma das letras que encerramos: ““Be alive in your blackness / Be true in your blackness / Be you in your blackness / Be black in your blackness / I rip the mask off that has been suffocating me.” Play na fita e até a próxima! Abs!